domingo, 11 de julho de 2010

Reencontrar-te depois de tanto tempo me deixa confuso. Saber de tudo o que fomos e pôr em contraponto com o pouco que somos é dar uma catucada atroz na ferida mal cicatrizada.

E juro que, quando a re-vi, de primeira não soube o que fazer, por mais calculado que meu repertório pudesse estar. Você ria um riso tão fácil, tão saudoso, tão cúmplice de nossos sonhos que, quando nos abraçamos, vi aquela ferida se abrir por completo e se alastrar pelo meu corpo todo, deixando evidentes segredos que até eu desconhecia. Toda a minha vontade escondida ficava destrinchada, nua, entregue de bandeja assim no meio do salão: tudo o que vez ou outra me puxava sempre veloz, porém atrasado, de volta para você: toda a paixão ficava exposta e indefesa, do jeito que sempre sonhei.

Quando você disse que trazia cartas minhas consigo, cartas da época de nossos caprichos, já nem era mais tanta curiosidade quanto assombro, mas da mesma forma quis lê-las.
Cada palavra era uma porrada na minha compostura, uma labareda na minha frieza, uma corda bamba no abismo para os meus cuidados. Eu, vítima de minhas próprias palavras, sei que caí, mas não por completo, porque não foi toda a água contida que caiu de meus olhos trépidos naquele instante.

Era inseguro, desejava e, quando não mais aguentei, te roubei um beijo, ou algo que um dia quis ser beijo, calando uma conversa sobre relacionamentos e me vendo ainda mais perdido de tão solto.

Sei que a noite seguiu seu rumo fiel à normalidade porque tomei o ônibus e era eu trazendo seu perfume comigo outra vez, apesar de intervalos a cada vez mais espaçosos a me dividirem desse teu cheiro. Coisa doce que trazia nas mãos que tanto te seguravam entre nossos devaneios, no peito, trazia nos braços que se alegravam de te dar tantos abraços. Coisa doce... doce, doce essa melancoliazinha. Ai ai

Eu estava em paz... quando você chegou.

Matheus Marins Alvares – 10e11/07/10

6 comentários:

  1. Genial! Bem descrito.
    Sinto até vergonha quando você comenta num texto meu, não se comparam.
    Mandou bem mesmo, parabéns.

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  2. Matheus, vc é lírico, romântico, perdido e apaixonado. E além de tudo isso, escreve lindamente! Parabéns por esse blog tão suave, que te apresenta tão original, como vc realmente é.
    Um grande abraço,
    Adriana, Pilar.

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  3. Perdida no teu sonho, me vi diante de uma realidade linda, que só consegui definir como amor. Amor; fiel, eterno,(não enquanto dure...que me perdoe o Vinicius de Moraes...rs)aternurado pela sensibilidade cheia de lirismo. Triste por ver um caminho bonito de tanto sentimento, tornar-se um atalho para alguns fugidios momentos, alegro-me por encontrar aqui um imenso poeta. Amo Vc "filho".

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  4. Lindo, lindo Matheus! Quanta sensibilidade! Adorei!

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  5. Coisa mais linda Matheus. Muito, muito. Bjs querido.

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  6. Ah, ah, ah! Suspiro em ler suas palavras, sempre tão bonitas.

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