sábado, 5 de junho de 2010

Futuro do Presente

Quando se encontraram, todas as palavras já haviam sido ditas.
O olhar dela penetrou nos olhos dele, passeou, escorreu para a boca, a qual mirou enquanto se achegava.
E a distância diminuía fisicamente, porque em pensamento os dois se faziam um só havia tempos.
E ele caminhava firme em sua direção, aflito, sem saber se ria, se corria para ela como fariam nos filmes ou se deixava a lágrima cair do canto do olho.
E ao ficarem tão próximos, a mão dela não tocou primeiro o braço dele, as cinturas não se achegaram antes que o resto e nem foi uma testa que tocou a outra por antecipação. Ambos e todas as partes do corpo de cada um se conectaram de imediato. E ficaram assim grudados, houve como que uma descarga elétrica que acendeu tanto o brilho nos olhos dela que na atmosfera desses dois a sua luz era mais ofuscante que o sol. Entretanto ele não podia deixar de mirar, seus olhos lacrimejavam e os dois não se controlaram: dois lábios se juntaram e os corpos se encaixavam congruentes. O beijo durou não se sabe se uma semana, um dia, uma hora ou um minuto, mas foi tempo o bastante para traduzir toda a espera pelo acontecido.
Ele avançava nela tal qual um bicho faminto devora sua fruta predileta. E ficava tão bêbado de seu perfume, seu toque, sua saliva, que mesmo tendo calculado todos os gestos anteriormente, às vezes ficava sem ação. Errava na conta, perdia a pose e trôpego ia se ajeitando entre os braços da amada. Inflamaram todo o desejo no melhor beijo que cada um pôde dar. Daqueles que ficam reservados desde sempre, mas a gente nem se dá conta e solta assim sem perceber.
E eles patinaram pelas ruas da cidade que tinha toda sua cor naquele casal. Os transeuntes não compreendiam o que se passava, e os dois subiram deslizando pela parede feito loucos, nas escadas de uma casa, um hotel ou um prédio bem alto.
E o quarto ao qual chegaram ficava tonto de tanta graça, se desequilibrava e jogava os dois para um lado e para o outro. Sem cerimônia ou disfarce, os toques eram sutis porém intensos, na cadência incerta de quem andou muito tempo perdido e agora parece se encontrar aos tantos.
E ele vai escrever nela a glória dos dias mais quistos de duas vidas.
Ela, com seu fogo deixará marcada nele a realidade do sonhado encontro das duas vidas.
Numa outra atmosfera descobre-se finalmente que ela é o sol e ele o planetinha girando tonto em sua órbita, se aproximando a cada volta e brincando com o fogo.
E os acontecimentos subsequentes não cabem em palavras para entrar no relato.

Matheus Marins Alvares - 04/06/2010

*Texto em revisão

Um comentário:

  1. muito bom seus textos, você escreve muito brm.
    tem um futuro brilhante pela frente *-*
    Parabéns (:

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